sábado, 21 de maio de 2011

Escolhas geram desescolhas, mas...

O mês de maio tem sido um tanto turbulento para mim. Felizmente, nao cheguei nem perto de surtar ou de deprimir. O único resultado destas tempestades tem sido muita reflexão sobre o que fazer daqui para frente, assunto que sempre ocupou boa parte dos meus pensamentos.

Logo depois que o meu professor faleceu, decidi "nao decidir" nada sobre o meu mestrado, mas, naturalmente, as situações acabaram por fazer o papel de tomar decisões. Como eu fui a primeira a trabalhar com certa linha de pesquisa do laboratório, e, atualmente existem apenas duas pessoas iniciando nesta área, terei que dar um suporte. E já que estarei por lá, acabarei o meu mestrado.

Ainda tenho uma grande vontade de trabalhar na área de comunicação com mídias sociais. Continuo tendo a disponibilidade de fazer cursos nesta área, sem custo, e existe uma oportunidade real de trabalho.

O curso da GV (10.000 mulheres) tem sido muito instrutivo e esclarecedor. Mas preciso de tempo para colocar tudo em prática para realmente transformar a teoria em resultados na minha empresa. Pretendo fazer isto. Não quero desperdiçar a oportunidade de ajudar a empresa. Quero honrar o tempo de estudo que tenho investido neste programa tão especial.

Estas são as escolhas. Fui orientada a procurar coaching para organizá-las na minha vida. Minha mania de fazer várias coisas ao mesmo tempo continua. Não tenho medo de levar as três em paralelo. Mas quero fazer tudo com cautela, sem perder o "timing".

Não posso postergar nenhuma destas três decisões. Se o fizer, perco a oportunidade com certeza. Entretanto, sei que toda escolha gera uma "desescolha". Quais serão as minhas "desescolhas"? Só o tempo vai dizer.

Mas tenho muito a meu favor: sou bipolar, mãe e mulher, posso tudo!




sábado, 14 de maio de 2011

Internada com o Pedro - ou surto ou evoluo!

Estou há cinco dias em um quarto de hospital, acompanhando meu filho. Apesar de ter sido internado na uti, o quadro dele nunca esteve grave, mas demandou bastante atenção da equipe médica por ser muito pequeno e por seu histórico de cirurgia logo que nasceu.

Em nenhum momento fiquei angustiada por ele estar aqui, pelo contrário, fiquei aliviada. Os três dias em casa que antecederam a internação, estes sim foram angustiantes. Me senti impotente diante do meu Pequeno cheio de secreção, sem conseguir por para fora, engasgando, ficando sem ar e cada vez mais amuado.

Mas, confesso que fiquei com medo de surtar neste quarto! Fico praticamente 24 horas aqui. Pouco ando. Pouco vejo pessoas. Estou vivendo uma imersão de Discovery Kids. Vejo o céu através de uma tela na janela. Mas vejo sempre a mesma paisagem. Minhas pernas incharam, minha barriga inchou (resquícios da cesárea), e estou constantemente com uma tontura chata. Pouco durmo.

Este é o cenário ideal para a energia migrar do corpo, que fica bobo, mole e preguiçoso, para a mente, que fica inquieta e agitada. E hoje, senti o pico disto! Por isso, deixei meu Pequeno sob os cuidados das enfermeiras e saí para caminhar! Aqui perto do hospital tem uma pracinha com uma banca de jornal e outra de fruta. Comprei uma revista, uma água de côco e me sentei em uma mesinha para tentar reorganizar a minha energia e resgatar um pouco de sanidade!

Eu estava tão isolada do mundo que fui para este passeio sem agasalho, com uma camiseta bem fresquinha e, sentada ao lado de um termômetro bem grande marcando 19º, tomei uma água de côco bem gelada, enquanto lia a minha revista! A garganta sofreu um pouco, mas espaireci os pensamentos, oxigenei alguns músculos e redistribui o sangue que estava nos pés e pernas para o resto do corpo!

Estou ficando boa para me perceber e para bolar estratégias para me sentir melhor. Às vezes, demora um pouco para colocá-las em prática, mas só o fato de uma hora reagir já é muito bom!

Acho que tenho conseguido isso pois finalmente tenho pensado com mais calma sobre a minha vida e tenho me dado tempo para tomar decisões. Estou menos ansiosa. Talvez seja resultado do que tenho aprendido com meu marido e com a maternidade. E isto ficou bem evidente aqui no hospital.

Inclusive, alguns pensamentos ficaram passando repetidas vezes na minha cabeça: o que será do meu mestrado agora que meu professor faleceu? Não imagino ninguém à altura dele para ser meu orientador. Não estou certa de que conseguiria desenvolver o artigo sem a sua ajuda. Nem sei se realmente quero acabar o mestrado, pois antes dele falecer tinha certo que só acabaria pois não queria desapontá-lo. Mas consegui deixá-los de lado e simplesmente não decidir nada. Estou muito feliz por ter conseguido a serenidade para tomar esta atitude em meio a uma situação propícia para surtar, mas bem que tudo isto podia ter acontecido sem meu Pequeno no hospital. Fazer o quê? Este é o pacote "vida com emoção" que o Pedro me deu!


Ps: a emoção deve acabar entre amanha e domingo. Segundo o médico, é o que falta para ele ter alta!

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Aqui vou eu, mais uma vez, com os sentimentos e sensações loucas de mãe, de mulher, de bipolar, ou de todas elas juntas.

Já estou na correria em médico com o Pedro desde sexta. Fomos ao pronto socorro sexta, domingo e segunda, quando internaram. Em casa, fiquei bem preocupada com ele. Tremia quando percebia que ele estava engasgando com a secreção e ficando sem ar. Aqui no hospital, tem sido um pouco diferente.

A primeira sensação "estranha" que tive foi de que ele esta bravo comigo. Faz tempo que ele não sorri. Ele não responde muito quando falo ou brinco com ele. Fica serio constantemente. Sei que é normal esta atitude em um bebê doente. Quer dizer, em qualquer pessoa de qualquer idade que esteja doente. Mas uma parte do meu cérebro não processa esta informação e eu fico nesta de achar que ele esta de mal, daí fico meio distante dele, quase como se tivesse medo de ele brigar comigo. Doideira!

Em consequência deste sentimento, prefiro não pegar ele no colo. Quando pego para tentar acalma-lo, é um desastre. Não adianta nada. Fico fazendo cafuné, converso com ele, balanço, mas nada funciona. Óbvio que fico ainda mais tristinha.

As enfermeiras aqui são bem atenciosas. Sempre estão de olho nele, mas fico com a sensação de que elas me acham folgada porque não faço as coisas que elas fazem. Hum, tipo: segurar a inalação, trocar a fralda, dar banho. Ok, tudo isto é fácil de fazer, e eu poderia fazer, mas, tentando aliviar para o meu lado, eu preciso evitar contato com ele porque eu ainda estou também com o vírus Sincicial; a troca de fralda é feita usando um quadradinho que tem um tipo de lubrificante e depois uma pomada de tratamento, e a fralda é pesada para acompanhar as evacuações e micções e, por fim, para dar banho é preciso remover todos os fios, elevar a banheira até próximo do oxigênio. Justifico?

Mas sabe que estou pensando aqui que se eu usasse direitinho a mascara e as luvas seria bom voltar a cuidar dele. Me sinto mal e me sinto uma mãe desqualificada no momento. Sei que uma hora passa...

Pra variar, tomei o lamitor de dois em dois dias no final da semana passada e começa desta. Isso ajuda a atrapalhar bastante, né?!

E para finalizar, me sinto um tanto culpada de querer descansar enquanto estou aqui. Domingo, depois que tirei a maquiagem, perguntei para o meu marido se tinha saído tudo. Ele disse que ainda estava preto embaixo do olho. Quando vi no espelho, eram apenas duas enormes olheiras.

Tenho perdão?

Pedrinho, te amo muito apesar de ser mulher, mãe e bipolar!

Ps: alguma coisa após a noite deste post me fez mudar um pouco! Às 2 da manhã acordei com o Pequeno tossindo. Fiquei chateada e pensei comigo: "Chega!". Tirei leite às 3am. Fiz inalação nele de madrugada (a enfermeira colocou a mascara nele com o elástico na cabeça. Ela deu as costas a mascara já estava na orelha dele e o elástico por cima dos olhos...), fiquei com ele no colo, ajudei no banho e agora também fiz inalação! Estou achando ele mais animadinho. Hoje, o médico vão avaliar se ele pode voltar para o peito! Daí animamos geral!!!

terça-feira, 10 de maio de 2011

Meu "quase" feliz primeiro dia das mães

Já saquei que a minha história com o Pedro tem seguido um padrão de "muita emoção"! Desde a gravidez até o nascimento e primeiros dias de vida ele não tem deixado a minha vida ser rotineira! Por que então eu iria imaginar que o meu primeiro dia das mães seria diferente?

Na quarta feira que antecedeu o dia das mães, o pequeno começou a tossir diferente (ele tem uma tosse por causa da atresia de esôfago). Esta tosse estava com cara de gripe. Na noite de quinta para sexta a tosse aumentou. Sexta ele já tinha consulta com a pediatra.

Na consulta, a tosse já estava mais forte e já dava para ouvir um chiado de secreção, não no pulmão, mas na garganta e nariz. A pediatra receitou a inalação e ao chegar em casa eu e meu marido fizemos a "fumacinha" do Pedro! Aí o susto começou. Ele passou a tossir mais, soltar secreção e a engasgar e ficar sem respirar. Encurtando a história, na mesma noite, no domingo de dia das mães e na segunda, estivemos no pronto-socorro.

Na última visita ao pronto-socorro, o Pedrinho já estava com febre e pior, mesmo tomando os remédios e inalação desde sexta. Então, ficamos no hospital, e aqui estamos até o momento.

O vírus da bronquiolite está no pico do seu ciclo hoje. Estamos na semi uti. Ele está bem cansadinho, por isso estou novamente na rotina de banco de leite para alimentá-lo pela sondinha. Eu estou no pico do cansaço, mas, apesar de todo estresse de maio, estou bem.

Não sei se quando a poeira baixar eu vou surtar ou deprimir geral. Por enquanto, estou em paz, com fé que Deus está cuidando do pulmãozinho do Pedro e da minha cabeça!!! Pelo menos, o lado bom de estar aqui no hospital é que fico mais calma e até consigo descansar mais, já que a equipe de enfermagem cuida de tudo.







Uma fotinho dele bonzinho com sono na hora de me levar para a GV!

domingo, 8 de maio de 2011

Homenagem ao meu professor

Em 2000, iniciei a graduação em fisioterapia. Neste ano, um amigo de infância, Danilo, faleceu em um acidente. Ele estava cursando biologia e trabalhava com muita paixão com pesquisa na área de botânica. Na última vez que o vi, conversamos sobre isso. Em agosto, pouco depois de sua morte, procurei na faculdade algum laboratório para desenvolver pesquisa científica. A paixão com que este amigo me falou sobre pesquisa me contagiou. Foi aí que conheci o professor Cláudio Toledo.

Na UNICID, na época, existia apenas um laboratório onde eu poderia estagiar, o de neurociências. Fui até este laboratório conversar com o professor. Achei que teria uma entrevista, seria analisada, sei lá! Mas pelo contrário, o professor só quis saber minhas motivações e disse que para trabalhar com pesquisa era preciso "suor e sangue"! Me interessei!

Logo de cara, o professor me confiou um projeto novo do laboratório, sobre Urocortina. Fiquei animadíssima! Todos os intervalos e janelas de aula que eu tinha, eu estava no laboratório. Abrir aquela porta, ouvir o sino de vento tocar e sentir o cheiro que o lab sempre tem, me faziam sentir em casa!

Dois meses depois do começo da minha história com as ciências, ganhei a chave do lab! Pode parecer banal, mas foi um dia marcante! Lembro direitinho a cena do professor me chamando, "Cavani!", como ele sempre fazia, segurando uma correia de crachá amarela com uma chave na ponta. Foi emocionante!

Minhas pesquisas sempre deram certo! O professor sempre dizia que eu tinha o que um pesquisador precisava ter: sorte! E, eu respondia que não era sorte,era Deus que gostava de mim!

Ri bastante na sala do chefe (como também era chamado), mas também chorei bastante. Descobri que era bipolar na época do lab. Fui chorar com o professor. Tive várias idas e vindas ao lab. Sempre chorando na partida. Já prometi que nunca voltaria e chorei uns três dias por isto. Já voltei muito e sempre fui recebida com um grande sorriso e um "Bem-vinda, Cavani!".

Temia mais as broncas do chefe do que as dos meus pais. Elas eram silenciosas apenas com um olhar por cima das lentes dos óculos. Se ele falava, era apenas um "Cavani! Hum...". E isto já me tirava o chão e eu morria de vergonha e remorso por ter desapontado o professor.

Vive uma história de amor e ódio com o lab por 10 anos. Muito mais amor do que ódio, mas tivemos fases ruins. Mas sempre recebi o suporte do professor. O abraço, o incentivo. Ah! Vou sentir muita falta deste incentivo! Ele foi o mais importante da minha vida. O professor sempre acreditou em mim, mesmo no meio das minhas crises. Ele sempre confiou que eu podia mais.

Com ele, publiquei um artigo ainda na iniciação científica. Com ele, tive bolsa da Fapesp. Com ele, conseguiria bolsa para o mestrado, mas fiquei sabendo apenas quando contei para ele que estava saindo do lab para trabalhar com fisioterapia do trabalho. Fiquei muito brava com ele. Mas ele disse que não queria que isto influenciasse as minhas decisões. Sábio!

Vou sentir saudades desta pessoa maravilhosa que mudou a minha vida, em vida. Ainda é estranho e totalmente absurdo pensar que ele morreu. Pensar que não vou mais ouvi-lo falar "Cavani!", quando eu entrar no lab. Mas talvez, um pequeno consolo que tenho é o que o meu marido falou quando soube que o Cláudio foi embora: "Deus leva os bons, antes que lhes sobrevenha o mal."

Vai em paz, que a família seja consolada todos os dias, que os amigos nutram as saudades com os bons momentos e que um dia, possamos nos reencontrar e que eu possa ouvi-lo dizer "Bem-vinda, Cavani!"

De sua sempre aluna, Cavani.