terça-feira, 21 de agosto de 2012

Deixando o modo "Poliana" de ser de lado - à moça do comentário anônimo

Recebi um comentário anônimo de uma moça, bipolar, grávida, que disse que "não se sente nada especial, pelo contrário...". Fiquei pensativa. Não me sinto sempre especial. Já me senti muito mal por ser bipolar, carrego arrependimentos por coisas que fiz, e isso não me faz sentir nada especial, pelo contrário, como a moça disse.

Sinto que alguns posts tem um ar "Poliana" aqui no blog. Tento sempre ver o lado positivo. Enquanto estava grávida e o bicho pegou mesmo, fui mais realista. Não quero desmerecer ninguém quando digo que me sinto especial. Não quero passar a impressão de que ser bipolar é fácil. Porque não é. Ainda mais porque existem graus de bipolaridade, e tem gente que tem uma vida muito difícil, que não é brincadeira.

Tento, pelo blog, compartilhar experiências sobre gravidez e maternidade, e mostrar que com auxílio médico, terapêutico e de amigos, e a devida liberação dos profissionais que cuidam da bipolar, é possível viver estas experiências. E na medida que me sinto confortável, conto o lado triste da minha história.

Fico muito feliz por saber que algumas mulheres que passaram por aqui se animaram a engravidar e encontraram um apoio para passar por isto sem tanto estresse. Sei também que outras passaram por aqui e não conseguiram engravidar ou tiveram uma experiência triste... mas saibam que seu comentário, sua experiência também é importante.

Quero agradecer à moça, anônima, grávida, por passar por aqui. Por ler meus posts. E desejo, do fundo do meu coração, que sua gravidez seja o mais tranquila possível. E que mesmo que você não se sinta especial, que você não desanime. Te desejo muita saúde, paz, tranquilidade, paciência, e que você esteja rodeada por pessoas boas que te tratem bem, que cuidem de você e que, principalmente, te entendam.

ps: se você ainda não conhece o Blog da Di Matielo, a Mãe Bipolar, passa lá, ela teve experiências bem punks e talvez possa te ajudar mais.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Bolha de sabão - quando a mania passa

Cortei a minha franja no começo da semana. Cortei, aparei, reaparei, daí parei. Mas mesmo assim acreditei no meu potencial de cabeleireira. Fiz novos planos para alguns anos à frente. Planos empreendedores com certeza de sucesso. No meio disso tudo, peguei uma virose chata, fiquei 4 dias sem comer direito e acabei tendo que ficar em casa, para me recuperar e aproveitei para pensar.

Me olhei no espelho e me dei conta do estrago que fiz na franja e dos planos precipitados. Não necessariamente estava em mania, mas com certeza estava fragilizada. Meu avô morreu recentemente, abruptamente. Estou com a saúde emocional e física fragilizada. Queria mudar a vida em um segundo e tinha certeza de que poderia mudá-la. Muita coragem, pouco planejamento. Tudo baseado em emoções. Bolha de sabão.


Me sinto realmente especial por ser bipolar. Me sinto mais criativa, mais crítica, mais ativa e mais reativa que muitos. Claro que não curto as depressões e as manias destrutivas. Mas sei bem como me reinventar, mais ainda, acho que sei bem quando PRECISO me reinventar. E foi isso que o dia em casa (ok que foi um dia top da virose), me proporcionou.

Acho que quando não estamos satisfeitos com alguma coisa, tendemos a pensar em primeiro lugar em mudar esta coisa, nunca em mudar algo que seja inerente a nós mesmos. Mas o bipolar tem um diferencial, ele precisa pensar muito nas suas atitudes.

Com tantas oscilações de vontades, não só de humor, o bipolar acaba sendo forçado a se adaptar ou sucumbir. Precisamos assumir o estrago da mania, despachar o peso da depressão para voltarmos a viver melhor. Leva um dia ou dois, ou mais, mas sempre é possível chegar lá.

Por isso marquei com uma profissional para (re)aparar a minha franja e refiz meus planos para os próximos seis meses.

Mais pé no chão, menos tesoura na mão!