sábado, 27 de julho de 2013

Crise e fé

Um pensamento recorrente que tenho é "até quando vou suportar viver sendo eu mesma?". Coisas pequenas e idiotas muitas vezes são como uma gota no meu cérebro, causando ondas e mais ondas de pensamentos caóticos que me levam a fazer este questionamento.

E estas gotas podem ser desde uma simples discussão com o marido até uma grande crise sobre emprego. Em todos os casos as ondas que se formam seguem o raciocínio (i)lógico: sou incapaz; não sirvo para nada; vou ser sempre assim; não tenho futuro; que vida é essa?

Nunca pensei em tirar a minha vida. Não faria isso. Mas penso no meu futuro com medo.

Ao mesmo tempo, consigo perceber o quanto sou capaz, o quanto sei rebolar para sobreviver e o quanto sei fazer diversas coisas, inclusive profissionalmente. E sobre esta última sei mesmo, pois realizei trabalhos excelentes em marketing, em fisioterapia do trabalho e em pesquisa científica. E também sei que sou uma mãe e esposa dedicada.

Desculpe-me os não bipolares, que talvez não entendam este desabafo, mas acho que só nós entendemos esta dicotomia de pensamento. Só nós conseguimos saber o que é este sofrimento.


Update em 30/07/2013:
Graças a Deus , em quem confio, que me dá esperança para superar estas fases. Tenho fé que Ele cuida de mim e tem poder para mudar minha mente, meus pensamentos. Eu acredito também que não foi sacanagem de Deus eu ser bipolar. Ele não dá nada além do que a gente possa suportar. A cada crise superada, vejo o cuidado dEle comigo. Pois Ele capacitou psicólogos e psiquiatras para nos ajudar, deu inteligência aos homens para fabricar os remédios, me ajuda a me conhecer cada dia mais e é um refúgio para minha mente em momentos de depressão. Não é fácil, mas quando eu persisto em ficar em oração nas crises, Deus me dá paz. Ele que coordenou cada célula quando eu ainda estava no útero da minha mãe. Ele me conhece mais do que ninguém. 

quinta-feira, 18 de julho de 2013

(Não) culpa ao retornar da licença maternidade

Estava zapiando em uma página de empregos e uma vaga me chamou a atenção. Mas, para variar, exigia formação em jornalismo. Era uma vaga para redação + redes sociais. Além de enviar o currículo, era necessário enviar um texto sobre "culpa que as mães sentem quando têm de sair da licença maternidade e voltar ao trabalho". Sei que não tenho chance para a vaga, não sou jornalista, mas me coloquei como desafio escrever sobre o tema, com uma pequena variação!

Quando o Pedro tinha uns 7 meses, voltei a trabalhar. Foi o meu primeiro emprego na área de "digital". Eu fazia um pouco de tudo. Auxiliava no planejamento dos aplicativos; fuçava alguns assuntos na internet; escrevia para o blog da empresa; ajudava no gerenciamento de uma conta no twitter e tinha ideias. O trabalho era das 10h às 19h, a princípio, duas vezes por semana. A minha mãe e a minha tia alternavam no cuidado do Pedro. Pouco tempo depois, acabei indo cinco vezes por semana. Como eu ainda amamentava, eu tinha que tirar leite durante o expediente, pelo menos uma vez, se não a dor era insuportável. Mesmo assim eu não senti culpa (não, eu não sou desnaturada).

Infelizmente a empresa fechou no final de 2011, e eu fiquei órfã. Como ainda não tinha formação na área de comunicação e tinha pouquíssima experiência, demorei mais de um ano para voltar a trabalhar. Aí veio a culpa. Culpa por não ter a qualificação na área que eu desejava. Culpa por não ter começado nesta área mais cedo. Mas depois de ter feito alguns cursos, consegui um emprego, período integral, em uma consultoria de marketing. E nesta época o Pedro já estava na escola. E eu comecei a me sentir "dona do meu nariz" de novo. Me senti capaz. Me senti produtiva. Mas daí (sempre tem um mas) o Pedro passou a ter bronquiolites de repetição, precisando ser internado duas vezes, além das várias idas ao pronto-socorro. Óbvio que ele teve que sair da escola e eu, do emprego.

Você deve estar pensando: agora veio a culpa, não? Bem, o que eu senti foi uma grande preocupação com a saúde dele, que era maior do que qualquer vontade de trabalhar. Mas não me senti culpada pela doença dele. E também não tenho como afirmar que se eu estivesse em casa com ele isso não teria acontecido, até porque ele já havia tido bronquiolite aos 5 meses, quando ainda ficava tempo integral comigo. Depois que saí do emprego, fiquei com ele em casa por 6 meses, tempo em que ele engordou, cresceu bastante e diminuiu os remédios preventivos. Depois, voltou para a escola, meio período (faço alguns freelas de marketing a partir de casa mesmo). Desde então, precisou ir ao hospital uma vez por conta de uma virose, daquelas de não parar de vomitar.

É totalmente normal ficar muito chateada pela separação repentina pela qual a maioria das mães precisam passar quando retornam da licença maternidade. Sou super a favor de estender esta licença quando os pais tem condições financeiras e emocionais para isso. Entendo que o ideal é fazer este processo aos poucos, pois desta maneira tanto mãe quanto bebê sentem menos e se adaptam com maior facilidade e tranquilidade. Mas não gosto dessa cultura de alimentar a "culpa maternal". Não devemos nos sentir culpadas por voltar a trabalhar ou por sairmos com os maridos sem os filhos.

Segundo o dicionário Michaelis, um dos significados de culpa é "Consequência de se ter feito o que não se devia fazer.". Então, se você não tem como cancelar o retorno ao trabalho, não se culpe. Se você não tem como ficar período integral em casa com seu filho por questões emocionais suas, não se culpe. Se culpe se você não der atenção ao seu filho quando ele estiver com você. Se culpe se você não se esforçar para ter este tempo com ele. Se culpe se você negligenciá-lo de qualquer maneira, pois presença de mãe, ninguém substitui.