sábado, 1 de maio de 2010

Mulher em fúria...em frangalhos

Para começar a tentar engravidar, precisei parar de tomar um medicamento controlado chamado Lamotrigina. Tomava uma dose relativamente baixa (100mg). Fui diagnosticada com o Transtorno Afetivo Bipolar há uns 4 anos. Não tive grandes problemas na minha vida devido a essa doença pois antes mesmo de descobrí-la, eu já fazia terapia por opção. Parei o medicamento por orientação da minha psiquiatra há um mês, seguindo todo o processo de desmame. A princípio senti apenas tontura da abstinência, mais nada. Mas nessa semana, parece que toda a falta do remédio no meu organismo acumulou e começou a se manifestar.

Estou super irritada. Qualquer coisa é motivo para eu me descontrolar. Meu humor está péssimo. Minha cara amarrada o tempo todo. Um fato que normalmente seria super irrelevante para eu me sentir afrontada ou ofendida, está causando estragos na minha mente. Pela manhã, acordo ou com um sentimento de alegria ou com um grande desânimo. Ambos sem nenhuma explicação. E é só levantar da cama que os sentimentos já tomam outra forma. Não consigo ler pois não tenho concentração o suficiente. Trabalhos que eu faria em 5 horas, demoram hoje uma semana. Carrego um peso de angústia no meu peito por onde eu vou. Tenho a sensação de que precisaria me desvincular de todos os meus reais problemas e ficar no silêncio para tentar aliviar esse peso, tentar separar o que é real do que não é, mas não consigo esse silêncio. E toda essa miscelânia, faz com que os meus problemas reais ganhem outra dimensão. O que eu aturava fica insuportável. O que eu sei que era passageiro, vira companhia constante.

A minha vida parou. Talvez já estivesse parando e isso veio apenas para acelerar alguns processos. Não estou mais satisfeita com nada. Não me acho capaz de nada. Fico até com medo do plano de maternidade que fiz. Às vezes acho que não serei capaz. Mas também às vezes penso que me fará uma pessoa melhor. Apesar de toda a insaniedade do momento, tenho deixado esses pensamentos de lado. Consigo usar o pouco do racional que ainda tenho acesso, para separar tudo o que se refere a engravidar e colocar em uma gaveta cerebral. Não estou com capacidade para pensar sobre isso no momento. Tenho plena ciência de que o que estou vivendo é fase, fruto de uma descompensação química neuronal. E em algum momento, vai passar.

Estou passando por tudo isso pois optei por querer engravidar. Sou uma grande candidata a descompensações emocionais durante a gravidez e à depressão pós parto. Infelizmente sei dessa minha condição. Mas acho que apesar de todos os meus defeitos (inconstância, geniosidade,etc) tenho uma ótima qualidade: coragem. Tenho coragem de assumir minhas deficiências, coragem de pedir ajuda e coragem para dizer quando não aguento mais. E se comecei algo, mesmo que aos tropeços, sempre tenho coragem de retomar, e não vou desistir enquanto não chegar ao desfecho.

Então, coragem!

(Já tenho consulta agendada com a minha psiquiatra e estou aguardando o telefonema dela com alguma instrução mais imediatista!)

3 comentários:

  1. Ju, estou aqui na torcida e tbm na oração. Vai dar td certo. Se precisar, sabe q pode contar comigo. Bjs

    ResponderExcluir
  2. Valeu Kelly! Muito obrigada! Sei sim! bjinhos

    ResponderExcluir
  3. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir

Muito obrigada por passar por aqui!
Seu comentário será moderado antes da publicação. Se você não quer que ele seja publicado, avise. Se preferir, me envie um email com seu comentário, para conversarmos no privativo.